segunda-feira, 16 de maio de 2011

ESCATOLOGIA DE ATOS


O livro de Atos no NT ele registra a transição do AT e dos Evangelhos para as epístolas; do foco sobre Israel como nação escolhida por Deus para a Igreja, um povo que Deus escolheu dentre todas as nações.

Quando virá o reino de Deus?

Atos 1. 6-7, revela que os apóstolos esperavam que Jesus cumprisse as muitas profecias do  AT e estabelecesse seu reino na terra. Naquele momento, eles não esperavam o céu ou a Igreja. Suas palavras são claras: “(...) Senhor, restaurarás tu neste tempo o reino a Israel?” (V. 6). A palavra “restaurar” ( gr. Apokathistanõ) sugere quatro aspecto:
1º O reino a que os apóstolos se referiam era aquele que Israel possuíra no passado. Israel havia sido o reino de Deus quando o  povo saiu do Egito como nação (Ex 19.6). Deus era o seu Rei ( I Samuel 8. 6-7; 12.12; Jz 8.23; Is 43. 15; Os 13.9-11).
2º Este reino não mais existia quando os discípulos fizeram a pergunta.
3º Este reino é o mesmo que existiu como Israel, pois “restaurar” significa trazer de volta algo que existiu anteriormente.

Jesus suavemente repreendeu  os discípulos por esta pergunta, mas não os censurou por sua esperança na restauração do reino terreno que Deus estabelecera com a nação de Israel no passado. Censurou-os apenas por terem Israel como sua principal e mais urgente preocupação. Naquele momento. Cristo  estava concentrado na fundação de sua Igreja ( atos 1.8). Ele advertiu os discípulos,  explicando que não lhes cabia saber os tempos ou as estações ( v7). Isto também deve nos servir de alerta. Não devemos especular ou teorizar de maneira excessiva a respeito de coisas futuras que Deus nos quis revelar.
A ascensão e a segunda vinda de Jesus Cristo
A ascensão de Jesus para estar com o Pai, no Céu, foi um tanto diferente de tudo o que ocorrera durante os quarenta dias  após sua ressurreição (At 1.9-11). Durante aqueles dias, Ele aparecia e desaparecia instantaneamente ( lc 24.31), voltando a aparecer mais tarde. O que aconteceu na ascensão foi diferente e conclusivo: os olhos de todos puderam vê-lo subir gradualmente ao Céu, até que Ele desaparecesse por trás das nuvens. Esta nuvem pode simbolizar a glória shekinah e a presença de Deus, que fora visto no AT ( Ex 40. 34) e manifestada no monte da transfiguração ( Mt 17 ). Enquanto os apóstolos se encantavam com o que viam, “dois homens” apareceram naquele lugar. Diversos fatos evidenciam que estes homens eram anjos:


1º Suas vestes eram iguais em outras aparições de  Anjos ( Mt 28.3; Jo 20.12)
2º As Mensagens eram iguais as outras mensagens feitas por Anjos anteriormente ( Mt 28. 5-7)
3º Os Anjos são descritos como homem ( At 10.3-30; Ap 21. 17)
4º O uso do verbo (pareistekeisan), “se puseram” sugerindo um acontecimento dramático.

Estes Anjos assegurariam aos Apóstolos que Jesus retornaria da mesma forma que o viram ascender ao Céu.
1º Sua ascensão foi visível, Logo sua volta será visível ( Ap 1.7)
2º Sua Ascensão (subida) foi em carne, Também descerá em carne, descendo naquele mesmo lugar, isto é o Monte das Oliveiras ( Zc 14. 4).
3º Ele subiu em um Nuvem de Glória, e voltará em uma nuvem de glória ( Mt 24. 30; Mt 13.26)

O retorno de Jesus ainda não aconteceu, e não acontecerá até que a grande tribulação tenha vindo sobre Israel e toda a terra ( Mt 24. 29-30).

O Cumprimento da Profecia de Joel.

O Apostolo Pedro em At 2.17, parece dizer que o Pentecoste é o cumprimento da profecia de Joel para os últimos dias ( Jl 2.28-32). Joel, contudo claramente relaciona este evento ao tempo da Grande Tribulação. Logo após 2.32, Joel declara: “Portanto eis que, naquele tempo (...)”e prossegue descrevendo o tempo da grande tribulação ( 3.9-16) e o Reino de Deus sobre a terra. ( 3. 18-21). Então, estaria Pedro vendo o cumprimento de Joel 2 no Dia de Pentecoste? Não, pois ele nem tinha como imaginar seu cumprimento. Ele não tinha visto o Espírito ser derramado sobre toda a carne. Quando proferiu esta pregação, Pedro acabara de ver o Espírito Santo ser derramado sobre apenas 120 pessoas ( At  1.15) Aquilo, porém, foi o suficiente para convencê-lo de que tudo o que vira era só o começo, a primeira fase daquele cumprimento.

O retorno de Jesus e a restauração de todas as coisas.

Se alguém imaginar que Pedro estava confuso e espiritualmente cego quando antes do Pentecoste e do derramar do Espirito Santo, perguntou a Jesus sobre a restauração do reino de Israel em At 1.6, seria de se esperar que, após o Pentecostes, o entendimento de Pedro estivesse bem mais claro. Em At 3.19-26, no entanto, a compreensão de Pedro acerca do reino de Deus com Israel permanece inalterada. Pedro afirma que Israel precisa se arrepender-se e voltar-se para Jesus, afim de que Deus torne a enviá-lo, para que haja tempo de refrigério e restauração – tempos proclamados por todos os profetas do At ( v 21). A  palavra grega traduzida aqui por restauração deriva do mesmo radical que dá origem ao verbo utilizado em At 1.6, quando os apóstolos perguntam sobre a restauração do reino de Deus em Israel naquele tempo. Corretamente, Pedro crê que Deus  restaurará seu reino em Israel quando Jesus literalmente voltar do céu para a terra ( Mt 25. 31-32; Ap 19. 11-20.6) e que a nação de Israel deve buscar arrependimento ( ver Rm 2  especialmente vv 25-27; Zc 12. 10-14; 13. 8-9) Neste sermão, Pedro menciona dois importantes aspectos escatológicos. Por um lado, aqueles que não ouviram e aceitaram Jesus serão completamente eliminados  destas bênçãos.

A profecia sobre o reino no livro de  Amos e a Igreja Primitiva.

No concílio de Jerusalém registrado em  At 15, Tiago, pastor em Jerusalém citou o profeta Amós ( 9. 11-12) para mostrar que a salvação de muitos gentios durante os dias da  igreja primitiva não devia surpreender a ninguém, pelo fato de  ela ter sido prevista pelos profetas do AT ( At 15. 15-17). Amós declara que aqueles gentios entrariam no Reino de Deus, o que leva alguns a crer que a igreja, portanto é o cumprimento promessa veterostestamentária acerca do Reino  de Deus.

Tiago, contudo, não declarou que a profecia de Amós estava sendo cumprida na Igreja Primitiva de sua época. Na verdade, existem evidências de que tal profecia não seria cumprida até um momento futuro, posterior aos seus dias, quando Jeus retornasse à terra.

Em primeiro lugar, Tiago afirma: “concordam as palavras dos profetas”, como respeito ao que acontecia na Igreja Primitiva (At 15.15). O que Deus haveria de fazer no futuro reino, durante o milênio – ou seja, chamar muitos gentios – Ele já estava fazendo na Igreja dos primeiros dias. Tiago escolheu cuidadosamente a palavra “concordar”, e não “cumprir”. A conversão dos gentios nos dias da  Igreja Primitiva não foi o cumprimento desta profecia do AT, mas estava em harmonia com o que Deus também faria em seu Reino – Ele  incluiria todas as nações.
Em segundo lugar, Tiago altera uma  expressão da  profecia de Amós. Em vez de “Naquele dia”, ele diz “depois disto”. Desta forma, Tiago demonstra sua compreensão de que a profecia se referia a um tempo “depois” do primeiro século, uma alusão à futura era do Milênio.
Em terceiro lugar, Tiago acrescenta a palavra “retornar” em sua citação da profecia. Ele leva em consideração o fato de que, antes que a profecia de Amós pudesse se cumprir, Cristo haveria de voltar à terra em um segunda vez, afim de restaurar o seu reino. Tiago diz: “ Depois disto, voltarei e reedificarei o tabernáculo de Davi, que está caído; levantá-lo-ei das sua ruínas e tornarei a edifica-lo. Para que o resto dos homens busquem ao Senhor, e também todos os gentios sobre os quais o meu nome é invocado, diz o Senhor, e também todos os gentios sobre os quais o meu nome é invocado, diz o Senhor (At 15. 16-17). Tiago, portanto testifica o fato de que a Igreja não é o reino prometido, mas que este viria após “depois disto”, a atual era da Igreja.

A ressureição e o julgamento de todas as pessoas.

No discurso que proferiu em Atenas, Paulo anunciou que Deus, Criador de todas as coisas, é também juiz sobre todas as coisas. Ele até mesmo determinou o dia e o juízo (At 17. 30-32). A ressurreição deste Juiz, Jesus Cristo, dá a certeza de que este julgamento será realizado. Os atenienses do primeiro século achavam absurdo o conceito de uma ressurreição física, pois a filosofia neoplatônica considerava o reino físico como intrinsecamente mau. Por que motivo Deus ressuscitaria fisicamente um Homem  dentre os mortos?. O homem segundo cria, só seria capaz de subsistir como um espírito. Paulo, mesmo assim proclamava audaciosamente, como tema central do evangelho, a ressurreição e o Juízo para o final dos tempos.

Uma Nova dispensação.

O livro   de Atos traz-nos diversos exemplos da transição entre as dispensações da AT e do NT. O batismo, por exemplo, deixa de ser um ritual judeu e passa a ser uma experiência característica cristã (At 19. 1-5). As leis sobre alimentação do AT deixam de ser válidas no NT (At 10. 1-6). Os gentios convertidos começam a suplantar numericamente os judeus cristãos. A  profecia de jesus de que Ele edificaria sua Igreja (Mt 16.18), começa a realizar-se e o evangelho alcança “os confins da terra” ( At 1.8).














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